Eu não quis luz alguma, escuridão suave fala antes dos sentidos que das formas: antes os sentidos às formas.
Jamais quis luz alguma, a escuridão soturna fala baixo e o silêncio móvel traduz todos os desejos: antes as perguntas às respostas.
Não desejo luz alguma, a escuridão fremente vibra entranhas e faz ser: antes o meio ao fim.
Que não haja luz alguma: a luz dos olhos escurece a dos sonhos.
Mas se não há luz,
havemos nós?
- Germinanação... ela disse.
18 de março de 2014
15 de dezembro de 2013
Sexo, drogas e muito amor
É esquisito passar tão
aninhada à e depois surgir sozinha no espaço mesmo.
O que penso, ou o que
passo a pensar agora é que vamos esvaziando-nos fundamentalmente ao
aproximarmo-nos das fontes da vida. Por isso movimentamo-nos
vagarosamente, dispersando em máximo de mitos distintos, a fim de
manter a forma e a vida - mesmo que paradoxalmente - viáveis.
Pela falta,
complementa-se com colorido. Enfeita-se lugares. Compõe-se
fundamentações.
Assim, assegurados por
colorido, podemos seguir sem colapsar a cada segundo com súbitas
razões de insegurança.
E surge a arte.
E surge deus.
E culturas.
E sistemas.
Cidade.
Trabalho.
Povo.
Relação.
TUDO VEM DA NECESSIDADE
FISIOLÓGICA DE RELACIONAMENTO.
Ser humano é nascer
fadado a liberdade
e fadado a dependência.
Por ser livre escolhe,
por depender, aceita.
E segue a dança.
Viver é um constante
ato de convencimento.
De sedução.
Por isso homem humano
fundamenta prazer em tudo.
O prazer básico
necessário:
Preencher o vazio (do
outro)
esvaziando-se.
É percebido, pois, que:
dançantes ondas de
existência
correm alternadamente
mesmo espaço,
ora cedendo, ora
dominando
de forma a permanecer
equilíbrio fundamental,
que mantêm a
conformação inteira.
Por pouca
probabilidade,
deve fundir diversas
e compor ser uno-todo,
assim configurando
coesa a espécie humana.
A coesão humana é
chamada de humanidade.
Essa mantêm-se
trabalhando inerentemente pelo grande ser-deus chamado “sistema”,
que nem de bom, nem de
mal, é superestrutura de indivíduos juntos,
juntando forças e
particularidades para manter completo o ser-grande.
Juntadas
possibilidades,
evolui chance de
sucesso natural.
O SUCESSO DO INDIVÍDUO
VEM DA RELAÇÃO NÃO INDIVIDUAL INTRINCADA.
ISSO SE CHAMA DE
“GLOBALIZAÇÃO”.
Mas, relevante
considerar, o ser-todo capaz de a si mesmo desmontar pela demasiada
grandeza.
Certo castelo de carta
vira fácil ao vento quanto mais for intento do montador produzir.
Assim mesmo, o
gigante-mestre cai-se sobre derrotado pela própria grandeza de ser.
Se demasiado grande e
complexo,
a falta dos meios
implica hiato,
e hiato mais aberto,
fundo negro.
Dessa forma tudo
engole,
aquele mesmo que
constrói,
acabando a digerir-se
em sofredor de si
mesmo.
Aí voltamos ao
jogo-dança,
complicado e paradoxo,
que do livre é vazio,
dependendo assim
aceitar,
e dançando vai ficando
ou deixando tantos
tantos,
que se demais um ou
demais outro, morre mesmo:
seja de si por si
seja de si para outros.
Assim mesmo
ser-gigante,
mata e morre de
excessos,
e difícil
conformidade,
faz gerar diversidade.
11 de dezembro de 2013
Amigos: aquele velho papo de sempre...
É clichê, sei, mas preciso falar sobre: são os amigos que vão indo, vem vindo ou, se sorte temos; ficando. O último termo é mais complexo, dispendioso, mas aquele que todos nós buscamos. Aqueles amigos para se contar, da data longa, dos sorrisos e lágrimas deitados. Exigem alimento, alguns mais gulosos que outros. Certos já tão bem alimentados, que enraízam forte e passam a auto-nutrição de uma amizade já bem consolidada.
Não nos esqueçamos de falar sobre aqueles passados, e os vindo. Comecemos por esse último, que menos lágrimas geram aos leitores das curtas linhas: fluxo vida e fruir dias. Resume-se assim certos tantos. Alguns contrário: Lágrimas fundas e ombros amaciados. Certos nem um, nem outro. Digamos acaso, encontros, novidades. Os ares novos trazem sempre bons e longos, outros vêm dos antigos mesmo, aqueles amigos que ali sempre estiveram, mas nunca notados foram. Ressignificam-se os fatos e a vida vai seguindo pelas fontes tantas. De novos assim se diz, novamente e convidativamente assim.
Aí chegados somos ao passado findo. Os passados pelas deixadas passarelas da vida. Sejam movimentos reversos, seja surgimento de novo cobertor quente dos fundos já corridos... pois é, não é possível ignorar certas causas: aquelas tantas novidades que de novo tamanho, transmutam o imperfeito passado num bem perfeitinho, que quase mais-que-perfeito. O mesmo movimento que vem, insurge o movimento de partida.
Não tenhamos tais duras palavras como extremo, não. Nada de obrigatório ou impositivo, a verdade é (se é que se pode dizer algo como "verdade") que não existem verdades extremas. E disso já se sabe no século do "fim das certezas". Assim digo amigos ficados são os de alimento munidos ou com certas conformações próprias de relação autotrófica. Esses últimos são os mais possíveis de manter, seja pela inclinação natural da relação, seja pela incapacidade de manter alimento constante aos outros.
Mas nada disso realmente interessa, se quer saber. O fato de maior peso é disciplina. Sim: disciplina. Pela liberdade própria e alheia exige-se disciplina, que é o melhor nutriente para qualquer relação mantida saudável. Nenhum segredo milenar, claro; mas algo quase isso pelo esquecimento geral da nação. É bom lembrar sempre da frase mais clichê de todas:
"Sua liberdade vai até onde se inicia a alheia"
E onde é que ela começa?
Não sei.
Por isso mesmo disciplina é matéria constante de vida,
nunca "sabida",
sempre ''sabendo"...
10 de dezembro de 2013
Dias de hoje
Pela matemática dos seus desejos,
alucinados, loucos, caóticos
mas calculáveis.
Pelos português de suas certezas,
suas ressalvas, vermelhidões e pejos.
Pelo amor de suas têmporas juvenis.
Aqui fazem-se oceanos historiográficos
aqui as lembranças são sonhos ou ensejo,
as visões, retratos possíveis de possíveis tempos vindos.
Mas aqui nada de fundo vai-se longe,
e afoga-se dias no raso surdo,
alongados pelas lanceadas lâminas.
E então as imagens tornam-se a sombra dos desejos,
sonhos são mais terror que luz do dia;
e o belo-bom, cai em agonia.
Agonia do caos abagualado,
da fome convexa
e do tempo ansioso.
Agonia ansiada dos bons feitos,
mas das horas bem remotas,
tardou tempo e e fez demora;
e conteve larga a moria.
Desejado demais
demais frustrado,
fica tempo descontente de correr,
assim latentes fontes confluentes,
seguem curso e angústia faz nascer.
Aí fica ela aqui perene nos dias,
e nem feliz nem triste é sua marca;
apenas fluxo de eterno dessaber
Saboreia sangue de senil fado.
Fadados por natureza de ser,
ser homem,
humano
e nunca, jamais, crescer.
______________________________________________________________________
3 de dezembro de 2013
Sobre a vida que me corre olhos, ou sobre os passos dados a esmo. Do caos tamanho, já estive mais perdida. Ou então perdição atual é tamanha, já impedindo qualquer noção de caminho. Se é que o há.... mas aqui estou, e sigo.
Por forma de outros dias, as mãos tristes e frias tocando sobre tendões latejantes:
Pássaros mais que voantes, corredores léguas mais,
asas de aço e coração carbono, a caixa preta dos aliados.
Perguntas aeronáuticas de outrora horrendos, em vida ou não.
Das casas caídas e do chão mais tenro de hoje,
o não grande forma.
A fome do não,
a miséria do não,
o fim do não;
quem sabe assim fazem-se grandes movimentos estes,
das lutas ao encarniçado desapego
da desgraça ao orgulho pleno.
Tampouco fariam maias de aves serenas em voo rasante,
seriamos nós as mesmas, sem destino ou discórdia.
Corredeiras varridas a campos outros,
lua luz sob, avante pés planície calma e corpo outro.
A nudez sua, é toda minha roupa,
são as vagas do deserto que movem as dos mares,
é o fim que indica o começo.
Morte é vida.
Por forma de outros dias, as mãos tristes e frias tocando sobre tendões latejantes:
Pássaros mais que voantes, corredores léguas mais,
asas de aço e coração carbono, a caixa preta dos aliados.
Perguntas aeronáuticas de outrora horrendos, em vida ou não.
Das casas caídas e do chão mais tenro de hoje,
o não grande forma.
A fome do não,
a miséria do não,
o fim do não;
quem sabe assim fazem-se grandes movimentos estes,
das lutas ao encarniçado desapego
da desgraça ao orgulho pleno.
Tampouco fariam maias de aves serenas em voo rasante,
seriamos nós as mesmas, sem destino ou discórdia.
Corredeiras varridas a campos outros,
lua luz sob, avante pés planície calma e corpo outro.
A nudez sua, é toda minha roupa,
são as vagas do deserto que movem as dos mares,
é o fim que indica o começo.
Morte é vida.
As vezes canso-me do clichê: divagar sempre e constantemente sobre amor tempo e morte. Chegam ao estágio do tédio. Deixa-se por novas formas de reflexão, feitas e refeitas, reviradas e renovas. Contudo o tempo sempre passa, morre-se o antigo e ama-se o novo; e ali esta-se novamente, nas mesmas formas de antes. Assim, pelo novo, retoma-se o antigo repetidamente percebendo que, sem esse, jamais aquele virá a algo aceitável.
Vezes certos outros são consumidos por desejos, vezes somos nós. Ou ambos. Talvez o prazer imenso do pensar fundo, seja o desejo intrínseco e inalcançável: fruir o prazer do jamais. Aquele inconquistável, intangível, inabalável. A perfeição é a busca, o caminho, as pedras, orvalhos e sóis. Do fim apenas fim; melhor gerúndio que particípio.
Vezes certos outros são consumidos por desejos, vezes somos nós. Ou ambos. Talvez o prazer imenso do pensar fundo, seja o desejo intrínseco e inalcançável: fruir o prazer do jamais. Aquele inconquistável, intangível, inabalável. A perfeição é a busca, o caminho, as pedras, orvalhos e sóis. Do fim apenas fim; melhor gerúndio que particípio.
Contos, continhos. Textos pequenos de intensões grandes. Ficam sujestionando e não dizem, ou dizem demasiado veloz pela ligeireza de seu tempo de vida. Mas é bom assim, tal poemas permanecem quase de onde surgiram e assim completam seu ciclo com menos dores. Isso para eles, não se sabe aos leitores viajantes que no mesmo lugar nunca estão. Estes sempre conseguem dar nó em pingo d'água no quesito; errolam, contorcem, desfocam e até criam algo mais de tempo e espaço ao pequeno texto lido. Fica ele lá então, enquanto viaja longe olhos de leitor: o mundo da mente é infinito mesmo, não se encontram paredes ou portas fechadas. A não ser se criadas pela própria, que a si tem mania de limitar e condicionar. Não se sabe porém, se esta característica é patogênica ou positiva: nossas células precisam de membranas limitantes para permanecer existindo. Assim é nosso universo-redoma, uma célula semipermeável (impermeável ou permeável, depende das composições do indivíduo) que nutre-se com objetos criados pela própria estrutura.
É perigoso dizer "tudo", mas algo grande em nosso contexto faz-se assim: células membranosas. E dessa forma fazem-se os bons textos, sejam curtos ou longos mil; quanto mais permeáveis, maior sua abrangência - e, talvez, qualidade. Digo, quanto mais permeável o autor, mais será sua obra. Digo, quanto menos abrangente, menor foi a troca e obtenção de fatos a serem compilados... Melhor! Quanto mais permeável for, mais "nutrientes" serão adquiridos como "matéria prima" das novas criações então geradas. Ou então todas as afirmações anteriores sejam falaciosas, e a estrutura não precisa de meios para criar um fim: produz do nada fontes infinitas à criação...talvez ambos ou nenhum...
É perigoso dizer "tudo", mas algo grande em nosso contexto faz-se assim: células membranosas. E dessa forma fazem-se os bons textos, sejam curtos ou longos mil; quanto mais permeáveis, maior sua abrangência - e, talvez, qualidade. Digo, quanto mais permeável o autor, mais será sua obra. Digo, quanto menos abrangente, menor foi a troca e obtenção de fatos a serem compilados... Melhor! Quanto mais permeável for, mais "nutrientes" serão adquiridos como "matéria prima" das novas criações então geradas. Ou então todas as afirmações anteriores sejam falaciosas, e a estrutura não precisa de meios para criar um fim: produz do nada fontes infinitas à criação...talvez ambos ou nenhum...
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